Riscos e oportunidades ESG: conhecimento vital para os membros do conselho

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O Women Corporate Directors, WCD, do qual sou membro, promoveu no último dia 18.02, um debate muito interessante, intitulado “Is your company ready for the new climate Future?”. Um dos speakers era Vladimir Stenek do International Finance Corporation, o qual fez um overview dos riscos climáticos e das mudanças que afrontam as empresas em todo o mundo. Além de outras participações estrangeiras e da excelente mediação de Anup Jagwani, também do IFC, tivemos a Sonia Favaretto representando o Brasil. Ela respondeu às perguntas sobre o grau de preparo dos boards para lidar com as questões climáticas, entre outras.

Inevitavelmente, o debate abordou igualmente a questão do quão preparados estão os membros do conselho para lidar com os diversos tópicos materiais, ligados aos impactos ambientais, sociais e de governança (ASG).

Algumas soluções já adotadas por diversas companhias, como o estabelecimento de um comitê de sustentabilidade ligado ao conselho, prática recomendada inclusive pelo IBGC, foi reforçada na fala da Sonia. Outro sinal positivo é a nomeação de conselheiros com expertise em ESG. Ela própria é um exemplo disto.

São alguns sinais em direção à diminuição deste gap de conhecimento em relação aos riscos e oportunidades ESG, mas há estatísticas sobre este assunto?

Sim, e bem atuais. Somente este ano, tivemos alguns artigos a respeito e os números não são animadores. É preciso ir além de forma bem mais acelerada. Na verdade, temos visto discussões, inclusive, que sugerem não haver mais especialistas em ESG, mas o sujeito mantém a sua especialidade, enquanto é também especialista em ESG, ou seja, coloca o olhar da sustentabilidade em tudo que faz. Este seria o mundo ideal.

Em um artigo da NY Stearn intitulado “U.S. Corporate Boards suffer from inadequate expertise in financially material ESG matters” é mencionado um estudo do CERES (2018) que atesta que apenas 10% das questões relevantes de sustentabilidade são regularmente revistas nas reuniões de board.

https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3758584

Um outro estudo da PWC aponta que as mulheres conselheiras são mais propensas a considerar as questões ESG materiais como parte da estratégia do negócio. Em todos os tópicos ESG pesquisados, as mulheres foram maioria na decisão sobre incorporá-los à estratégia dos negócios. Portanto, deve ser um bom negócio investir em diversidade nos conselhos.

https://www.pwc.com/us/en/services/governance-insights-center/library/gender-diverse-boards-esg.html

Já o artigo do Financial Times “Too many boards are climate incompetent“, relaciona o pouco conhecimento dos membros do conselho em risco climático, mesmo com as metas ambiciosas anunciadas. Ou seja, há um gap entre os que as companhias andam dizendo sobre cortar emissões de carbono e o que realmente estão fazendo.

https://www.ft.com/content/611522b7-8cf6-4340-bc8a-f4e92782567c

E, ainda, em outro recente artigo da Harvard Business Review “Boards Are Obstructing ESG — at Their Own Peril“, novamente é colocado o holofote sobre a falta de expertise dos boards.

https://hbr.org/2021/01/boards-are-obstructing-esg-at-their-own-peril

O cenário apresentado por todos estes recentes artigos, além da conclusão do evento promovido pelo WCD/IFC, é que a necessidade de conhecimento e expertise dos boards vem crescendo proporcionalmente aos riscos e oportunidades ESG.

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